No Pará, um dos Estados mais ricos do Brasil, devido principalmente as riquezas naturais existentes em seu subsolo e sua vasta biodiversidade, 54% da população vive com média de renda inferior a um salário mínimo. Somos o retrato do paradoxo da atual política de desenvolvimento, em que a geração de recursos minerais e energéticos não traz compensações sociais e ambientais.
Os impactos socioambientais motivam discussões em torno do principal, e talvez, o mais polêmico empreendimento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
A expansão do setor energético e os impactos sócio-ambientais e econômicos provenientes da instalação de barragens nos cursos de rios com potencial hidrelétrico fazem com que trabalhadores, pescadores, populações indígenas e moradores locais, prejudicados diretamente por esses impactos, se indignem diante da promessa enganosa de desenvolvimento para região e do anúncio da construção de mais barragens.
Surge então a necessidade de se organizarem para reivindicar seus direitos. Assim se constitui o Xingu Vivo Para Sempre e o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), que denuncia, entre outras injustiças, as expropriações das populações locais, o desprezo das instituições diante das destruições constatadas e o alto preço da energia para a população.
A mídia hegemônica busca criminalizar os movimentos sociais relacionando as condutas de protestos de trabalhadores com ações criminosas de grupos organizados que ameaçam a ordem pública. Para quê reprimir com violência física, se a produção de consenso é mais eficaz para a manutenção das relações de poder?
Não há revolta sem motivo e por isso, faz-se necessário entender que interesses há por trás das ações que desvalorizam os protestos e as organizações de setores que representam os interesses da sociedade. Saber o que motiva a afirmação de que lutar por direitos em nossa sociedade seja “crime”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário