Não te afoba! #1 - Brega Pop

“Se eu bebo todas é porque tenho dinheiro, sou papudinho e não é da conta de ninguém.” Quase todo paraense com mais de 18 anos já deve ter ouvido o trecho acima, da música “Profissional Papudinho” do cantor e compositor Roberto Villar. A música estourou na região norte/nordeste em 1997, ano em que foi lançada no disco Ator Principal, daí para o resto do Brasil foi um pulo. Foi o cd independente mais vendido no país naquele ano. A música acabou virando um hino bem humorado para um bocado de “papudinho” de plantão, Brasil afora.

Mas muitos outros bregas que vieram antes e depois de Profissional Papudinho acabaram virando verdadeiros clássicos da música paraense. A década de 1980, por exemplo, produziu inúmeros sucessos e foi quando o brega ganhou força no Pará. O ritmo começou a tocar nas rádios FM’s. Tocar na rádio da classe média era uma espécie de atestado de qualidade. São de 80 os grandes sucessos “Ao Pôr do Sol”, de Ted Max (1954-2008) e “Minha Amiga”, de Mauro Cotta. E junto com eles muitos outros: Luiz Guilherme, Juca Medalha, Solano e seu Conjunto, Waldo César, Fernando Belém e o próprio Adelino Nascimento (1957-2008) que apesar de ser maranhense, morou e construiu boa parte da sua carreira no nosso estado.
Se na década de 1980 o brega comandava as paradas de sucesso no Pará, em 1990 ele começava a perder espaço para o axé music, que ficava cada dia mais popular em todo o Brasil e chegava de mansinho no nosso estado.

As rádios paraenses já tocavam o som vindo de Salvador deixando o brega de lado, que só não foi totalmente esquecido graças as festas das famosas aparelhagens (caixas de som gigantescas comandadas por DJ’s, que são um capítulo à parte da história do brega). A coisa só foi melhorar mesmo em 1997, justamente com lançamento do disco Ator Principal (citado no primeiro parágrafo desse texto). As músicas foram ficando cada vez mais aceleradas, a guitarra ganhou mais importância, novos instrumentos percussivos passaram a ser utilizados dando mais suingue ao ritmo, influência direta da música caribenha.

A fórmula do sucesso estava pronta! Foi só Wanderley Andrade, Kim Marquês, Edilson Moreno, Banda Xeiro Verde, Lene Bandeira, Markinho e Banda e outros tantos lançarem suas músicas para o brega voltar, literalmente, para a boca do povo. O chamado brega pop que essa turma fazia ganhou inclusive projeção nacional.

Agora o brega já tem seu lugar cativo nas rádios, TV’s, bares e lares paraenses. Já faz parte da tradição cultural do nosso Estado. Alguém aí vai dizer que não, que nem é um ritmo nascido no Pará. Mas quem o reinventou? Quem o popularizou? Pode ser que não tenhamos “parido o filho”, mas o adotamos e cuidamos dele com carinho. E não dizem que mãe é quem cuida?

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