Estudantes debatem Belo Monte durante 3º Pré-Enecom


Cerca de 40 estudantes de Comunicação Social de Belém ficaram mais próximos do que representa a construção da Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte, na terceira edição do Pré-Enecom, durante a tarde deste sábado (2). O debate, que foi realizado no IEEP, contextualizou a construção da hidrelétrica, tanto política quanto economicamente, além de mostrar como a implantação da usina é representada na mídia nacional.

A UHE de Belo Monte é “uma garantia de energia para o Sul do Brasil, não para o Pará”, disparou o economista Eduardo Costa, um dos palestrantes presentes no Pré-Enecom. “Os grandes jornais do Brasil não dão espaço para o debate, porque esses veículos são tentáculos de empresas que lucrarão com a usina”, afirmou o jornalista Thiago Barros. Os dois convidados palestraram durante quase uma hora e depois responderam indagações dos estudantes de Publicidade e Propaganda e Jornalismo de diversas universidades e faculdades de capital.

O professor de Economia Eduardo Costa, que também é presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-Pará), fez um breve histórico da implantação da usina, lembrando ainda dos impactos negativos de sua implantação, com conseqüências sociais como favelização, prostituição e pobreza na região do rio Xingu. “O que vemos é que a obra é só uma garantia de energia para o Sul, não para o Estado, além de servir para a verticalização da produção da Vale”, explicou o economista, contestando a visão que o governo tem sobre a região. “O governo olha para a Amazônia ainda como uma eterna fornecedora de matéria-prima para o restante do país. Qual o papel o governo está relegando à Amazônia?”.

Trazendo o debate para a representação midiática, o jornalista Thiago Barros, que também é professor de Comunicação na Universidade da Amazônia (Unama), apresentou dados de sua tese de mestrado. A pesquisa do jornalista analisou 1.565 reportagens sobre Belo Monte nos maiores jornais impressos do Brasil: O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e O Globo. A conclusão foi de que quem é contra a usina não tem voz na imprensa. “Cerca de 80% das ocorrências de falas nesses jornais são de empresas que vão lucrar com a usina, como o consórcio Camargo e Corrêa e a Vale, enquanto grupos contrários como o Xingu Vivo Para Sempre somam menos de 5%”, revelou o jornalista. “Por que o debate acontece na sociedade, mas não acontece na mídia? Esses jornais são tentáculos dos grandes grupos com interesses na construção da hidrelétrica”.

Depois de quase uma hora de explanação, os convidados responderam as perguntas dos presentes, debatendo desdobramentos do assunto. O evento foi uma prévia de temas a serem debatidos no Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação (Enecom), que tem como tema “Comunicação e Movimentos Sociais”.

Para se inscrever no Enecom, é necessário ter participado de pelo menos um pré-encontro. A quarta e última edição do evento será na semana que vem, e terá como tema “Comunicação e Cineclubismo”. No decorrer da semana, o local e a hora do último pré-Enecom serão publicados. O Enecom, que ocorrerá entre os dias 22 e 29 de julho, é promovido pela Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (Enecos).



Texto: Comissão de Comunicação
Fotos: Daísa Passos

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